terça-feira, 19 de outubro de 2021

1014a. Compreendemos que seja assim, por parte dos Espíritos que querem nos instruir. Mas como explicar que alguns Espíritos, quando perguntados a respeito de sua situação, tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

Quando os Espíritos são inferiores e ainda não estão completamente desmaterializados, eles conservam parte de suas ideias terrenas. Assim, transmitem suas impressões utilizando termos que lhes são familiares.

O meio em que se encontram lhes permite sondar o futuro apenas imperfeitamente. Essa é a razão porque os Espíritos recém-desencarnados falam como falariam se estivessem encarnados.

O inferno pode ser compreendido como sendo uma vida de provações extremamente dolorosas, com a incerteza de haver outra melhor. O purgatório também pode ser compreendido como sendo uma vida de provações, mas com a consciência de um futuro melhor. O homem, quando sente uma dor muito grande, não costuma dizer que sofre como um condenado? Tudo isso são palavras, e sempre ditas em sentido figurado.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

1015. O que é uma alma penada?

É um Espírito desencarnado e sofredor, incerto de seu próprio futuro. Os encarnados podem proporcionar a esse Espírito um alívio que, muitas vezes, ele solicita ao se comunicar com os homens (ver pergunta n° 664).

domingo, 17 de outubro de 2021

1016. Em que sentido se deve entender a palavra "Céu"?

Será que o homem acredita que o Céu seja um lugar, como os Campos Elíseos dos Antigos, onde todos os bons Espíritos estão indistintamente reunidos e sem outro preocupação que não seja a de usufruir, por toda a eternidade, de uma felicidade sem um objetivo concreto?

Não; o Céu é o espaço universal; são os planetas; as estrelas e todos os mundos superiores onde os Espíritos desfrutam de todas as suas faculdades sem os tormentos da vida material, nem as angústias próprias da inferioridade.

Observação

Campos Elíseos: Na mitologia Grega representava a morada dos heróis e dos justos após a morte. Lugar onde a felicidade era eterna.

domingo, 10 de outubro de 2021

1017. Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto, o quinto Céu, etc. O que eles queriam dizer com isso?

Se os homens perguntam aos Espíritos qual o Céu que eles habitam, é porque fazem a ideia de vários Céus sobrepostos, como os andares de uma casa. Então, eles respondem conforme a linguagem de quem pergunta.

Para os Espíritos, as palavras, quarto e quito Céu correspondem a diferentes graus de purificação e, por consequência, diferentes graus de felicidade. É a mesma coisa que perguntar a um Espírito se ele está no inferno; se for infeliz, dirá que sim, porque o inferno, para ele, é sinônimo de sofrimento, embora saiba perfeitamente que não se trata de uma fornalha. Se for um pagão, dirá que está no Tártaro.

Observação

Tártaro: Ver explicação após o comentário de Kardec, depois da pergunta n° 1009.

Pagão: É todo aquele que segue uma religião politeísta, ou melhor, religião onde se adoram vários deuses.


Comentário de Kardec: Com a expressão, quarto e quinto Céu, dá-se a mesma coisa que com outras expressões semelhantes, tais como: cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda ou terceira esfera, etc., que são expressões usadas por alguns Espíritos, quer utilizando-as como figuras, quer por ignorância da realidade das coisas e até mesmo por desconhecimento das mais simples noções científicas.

Antigamente, a ideia dos lugares de sofrimentos e recompensas era muito restrita. Naquela época, a Terra era o centro do Universo; o Céu formava uma abóbada na qual havia uma região com estrelas; colocava-se o Céu em cima e o Inferno embaixo. Daí as expressões: subir ao Céu, estar no mais alto dos Céus, cair no inferno.

A Ciência demonstra, hoje, que a Terra é um dos menores planetas, entre tantos milhões de outros e sem nenhuma importância especial. A Ciência também traçou a história da formação da Terra e descreveu de que forma ela é constituída, provando que o espaço é infinito e que não existe nem alto, nem baixo no Universo.

Assim, torna-se necessário renunciar a ideia de colocar o Céu acima das nuvens e o Inferno nos lugares mais baixos. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe foi designado. Estava reservado ao Espiritismo dar, sobre todas essas coisas, a explicação mais racional, mais grandiosa e, ao mesmo tempo, a mais consoladora para a Humanidade.

Assim, podemos dizer que cada um carrega o seu próprio inferno e o seu próprio paraíso. Podemos afirmar, ainda, que encontramos o nosso purgatório quando estamos encarnados, vivendo em corpo físico.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

1018. Em que sentido estas palavras do Cristo devem ser entendidas: "O meu reino não é deste mundo"?

O Cristo respondeu em sentido figurado. Ele quis dizer que apenas reina sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em todos os lugares onde domina o amor ao bem; mas os homens, ávidos pelas coisas desse mundo e apegados aos bens da Terra, não estão com Ele.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

1019. O reino do bem poderá, um dia, ser implantado na Terra?

O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus. Então, eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte de todo o bem e de toda a felicidade. Pelo progresso moral e praticando as Leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Entretanto, os maus somente serão afastados quando o homem tiver expulsado de si o orgulho e o egoísmo.

A transformação da Humanidade foi anunciada e se aproxima o momento em que ela ocorrerá. A chegada dessa transformação está sendo acelerada por todos os homens que auxiliam o progresso. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores que farão parte de uma nova geração.

Então, os Espíritos maus, que a morte vai retirando a cada dia, e todos aqueles que tentam obstruir o caminho do progresso, serão excluídos da Terra, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam.

Eles irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, nas quais trabalharão pelo seu próprio adiantamento e, ao mesmo tempo, pelo progresso de seus irmãos ainda mais atrasados.

Será que não percebem, nessa exclusão de Espíritos da Terra transformada, a sublime figura do paraíso perdido? Será que não percebem, também, nos homens que vieram habitar a Terra em semelhantes condições, trazendo consigo o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original?

Considerando por esse ponto de vista, o "pecado original" se refere à natureza ainda imperfeita do homem. Assim, o homem é o único responsável por suas faltas e não pelas faltas de seus pais.

Homens de fé e de boa vontade, trabalhem com zelo e coragem na grande obra da regeneração, porque colherão cem vezes mais o grão que tiverem semeado. Infelizes daqueles que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções! Infelizes os que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, pois sofrerão muito mais privações do que os prazeres de que desfrutaram! Infelizes, principalmente, os egoístas! Porque não encontrarão ninguém para ajudá-los a carregar o fardo de suas misérias.

São Luís

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

1 CONCLUSÃO: A Dificuldade de Acreditar no Espiritismo

Aquele que do magnetismo terrestre conhecesse apenas o brinquedo dos patinhos imantados, que nadam numa bacia com água sob a ação de um ímã, dificilmente poderia compreender que essa brincadeira encerra o segredo do mecanismo do Universo e do movimento dos planetas.

O mesmo acontece com aquele que conhece do Espiritismo apenas o movimento das mesas girantes. Nelas vê apenas uma diversão, um passatempo da sociedade, sem compreender que esse fenômeno tão simples e comum, conhecido na Antiguidade e até mesmo pelos povos semisselvagens, possa ter alguma ligação com as questões da maior importância par a ordem social.

Realmente, para um observador superficial, que relação pode ter uma mesa que gira com a moral do futuro da Humanidade? Mas, aquele que pensa, se lembra que da simples panela que ferve s água e levanta a tampa com a pressão do vapor, fato também conhecido na Antiguidade, saiu o potente motor a vapor, que transporta os homens e encurta as distâncias.

Aqueles que não acreditam em nada fora do Mundo Material devem saber que, da mesa que se move e causa sorrisos de desprezo, saiu toda uma Ciência e a solução de vários problemas que nenhuma filosofia até então tinha conseguido resolver. Convido a todos os adversários de boa-fé que me digam se ao menos se deram ao trabalho de estudar aquilo que criticam.

A lógica ensina que a crítica apenas tem valor quando o crítico conhece o assunto que critica. Zombar de uma coisa que não se conhece, que não se pesquisou com o critério do observador consciencioso, não é criticar, é dar prova de leviandade e de falta de critério para exercer o julgamento.

Certamente, se tivéssemos apresentado essa filosofia como obra de um cérebro humano, ela teria encontrado menos desprezo e teria tido a honra de ser examinada por aqueles que pretendem dirigir a opinião pública. Mas a obra vem dos Espíritos! Que absurdo! Mal lhe dispensam um simples olhar.

Julgam a obra apenas pelo título, como o macaco da fábula julgava a noz pela casca. Se quiserem, ignorem a origem da obra; imaginem que este livro tenha sido escrito por um homem e digam de sã consciência, se após a leitura séria de "O livro dos Espíritos", encontraram nele algum motivo para zombaria.


Observação

Mesas Girantes: No capítulo 3, da introdução, Allan Kardec trata das mesas girantes que, entre outras coisas, colaboraram decisivamente para que este livro fosse escrito.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

2 CONCLUSÃO: O Materialismo

O Espiritismo é o antagonista mais terrível do materialismo! Sendo assim, não é de admirar que tenha por adversários os próprios materialistas. Mas como o materialismo é uma doutrina que poucos se atrevem a dizer que seguem abertamente; seus adeptos não se consideram bastantes seguros de suas convicções e são dominados por essa insegurança; assim, eles usam o manto da razão e da Ciência para se acobertarem. 

O estranho é que os mais descrentes falam até mesmo em nome da religião, que não conhecem e não compreendem melhor do que o Espiritismo. Seu alvo principal contra a Doutrina é o "maravilhoso" e o "sobrenatural", que não admitem. Na opinião deles, o Espiritismo se baseia no maravilhoso e, por isso, não passa de uma suposição ridícula. Não refletem que, ao condenar, sem restrição, o maravilhoso e o sobrenatural, condenam também a religião.

Com efeito, a religião está baseada na "revelação" e nos "milagres". Ora, o que é a revelação, senão comunicação extra-humanas? Todos os autores sagrados, desde Moisés, têm falado dessa espécie de comunicações. O que são os milagres, senão fatos maravilhosos e sobrenaturais por excelência; será que eles não constituem, no sentido litúrgico, uma anulação das Leis da Natureza? Portanto, ao rejeitar o maravilhoso e o sobrenatural, os materialistas rejeitam também as próprias bases da religião. Mas não é sob esse ponto de vista que devemos encarar a questão.

Não cabe ao Espiritismo examinar se existem ou não milagres, ou melhor, se em certos casos, Deus acreditou por bem anular as Leis eternas que regem o Universo. Em relação aos milagres, o Espiritismo deixa que cada um acredite no que quiser, ou seja, permite inteira liberdade de crença. A Nova Doutrina diz e prova que os fenômenos sobre os quais se apoia só têm de sobrenatural a aparência. 

Esses fenômenos só não parecem naturais aos olhos de algumas pessoas, porque são fenômenos excepcionais e estão fora dos fatos conhecidos. Entretanto, não são mais sobrenaturais do que todos os fenômenos, dos quais a Ciência nos dá hoje a explicação e que pareciam maravilhosos antes, em outra época.

Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, resultam de Leis Gerais. Eles nos revelam uma das forças da Natureza, força desconhecida, ou melhor, incompreendida até agora, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas.

Desse modo, o Espiritismo se baseia menos no maravilhoso e no sobrenatural do que a prórpria Religião. Aqueles que o atacam sob esse aspecto é porque não o conhecem e, ainda que fossem os homens mais sábios, nós lhes diríamos: se a Ciência que ensinou aos homens tantas coisas não ensinou que o domínio da Natureza é infinito, seu ensinamento ficou pela metade! e aqueles que a seguem também são sábios pela metade.


Observação

Litúrgico/liturgia: Ciência que trata das cerimônias e ritos das Igrejas; culto público e oficial instituído por uma Igreja.

Forças da Natureza: Aqui, Kardec está se referindo aos Espíritos, que são uma das forças da Natureza.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

3 CONCLUSÃO: Comparação entre a Doutrina Materialista e a Doutrina Espírita

O homem diz que deseja curar o século dessa mania de credulidade que ameaça invadir o mundo. Será que ele preferia que o mundo fosse invadido pela incredulidade que se procura propagar? Não é à ausência de toda crença que se deve atribuir o relaxamento dos laços de família e a maior parte das desordens que afligem a sociedade?

Ao demonstrar a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatido e ajuda a suportar com resignação as dificuldades da vida. Será que isso é um sinal?

Duas doutrinas se defrontam: a Doutrina Materialista, que nega o futuro e a Doutrina Espírita, que além de defendê-lo, ainda o comprova. A Materialista, que nada explica, e a Espírita, que explica tudo através do raciocínio lógico, e que por isso mesmo se dirige à razão. A Materialista é a confirmação do egoísmo; a Espírita oferece uma base à justiça, à caridade e ao amor de seus semelhantes. A Materialista mostra apenas o presente e aniquila toda esperança futura; a Espírita consola e fornece evidências sobre o vasto campo do futuro. Qual é a mais perniciosa?

Certas pessoas descrentes se fazem apóstolos da fraternidade e do progresso. Mas a fraternidade pressupõe desinteresse, renúncia da personalidade. Portanto, para a verdadeira caridade, o sentimento de orgulho é um absurdo. Como impor um sacrifício a alguém quando dizemos que com a morte tudo se acabará para ele? Que amanhã, talvez, ele não passe de uma velha máquina estragada e jogada fora? Não será mais natural que ele viva o melhor possível o tempo que ainda lhe resta?

Daí vem o desejo de possuir muito para melhor desfrutar. Desse desejo nasce a inveja dos que possuem mais e passar dessa inveja para a vontade de se apossar do que é dos outros, basta apenas um passo. O que é que o detém? A Lei? Mas a Lei não abrange todos os casos.

Dizem que o que lhe deterá é a consciência, o sentimento do dever. Mas em que se baseia o sentimento do dever? Será que o sentimento do dever faz algum sentido se tudo se acaba com a morte? Com essa crença, apenas um pensamento é racional: "cada um por si". As ideias de fraternidade, de consciência, de dever, de humanidade e mesmo de progresso são apenas palavras vazias.

Os que propagam a Doutrina do Materialismo não têm noção de todo o mal que fazem à sociedade, nem por quantos crimes assumem a responsabilidade! Por que falamos de responsabilidade? Para quem duvida de tudo, a responsabilidade não existe, pois ele só rende homenagem à matéria!

domingo, 3 de outubro de 2021

4 CONCLUSÃO: A Lei da Justiça, do Amor e da Caridade

O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação das Leis da Justiça, do Amor e da Caridade. Essas Leis têm seu fundamento na certeza de que existe uma vida futura e, se essa certeza for retirada, essas Leis ficam sem apoio. Dessas três Leis derivam todas as outras, porque elas contêm tudo o que é necessário para a felicidade do ser humano. Apenas elas podem curar as chagas da sociedade e, se o homem comparar as épocas e os povo, verá que sua condição melhora à medida que essas Leis vão sendo melhor compreendidas e praticadas.

Se uma aplicação parcial dessas Leis já produz um bem significativo, imaginem quando elas forem a base de todas as instituições sociais! Isso é possível? Sim, porque se o homem já deu dez passos, pode dar vinte e assim por diante. Desse modo, pode-se julgar o futuro com base no passado. 

Já é possível notar que as antipatias entre os povos vão se extinguindo pouco a pouco; as barreiras que os separam diminuem com a civilização; eles se dão as mãos de um extremo a outro do mundo. Existe uma justiça maior presidindo a elaboração das Leis internacionais; as guerras se tornam cada vez mais raras e não excluem os sentimentos humanitários; a uniformidade se estabelece na relações sociais; as discriminações de raças e de castas desaparecem e os homens que possuem crenças diferentes deixam de lado os preconceitos de seitas, para se confundirem na adoração de um único Deus. É evidente que estamos falando dos povos que se encontram à frente da Civilização (ver perguntas n° 789 e 793).

Apesar de todos esses aspectos, ainda estamos longe da perfeição e inúmeros são os resíduos antigos que ainda precisam ser destruídos, até que não restem mais vestígios da barbárie. Mas esses resíduos poderão se opor contra a força irresistível do progresso? Poderão se opor contra essa força viva que é a própria Lei da Natureza?

Se a geração atual é mais avançada que a anterior, por que a geração que vai nos suceder não seria mais avançada do que a nossa? Ela o será pela força das circunstâncias. Primeiro, porque todos os dias morrem homens que cometem abusos, o que permite que a sociedade vá se melhorando através da chegada de elementos novos, livres dos velhos preconceitos. Em segundo lugar, porque o homem, desejando o progresso, estuda os obstáculos e se empenha em removê-los.

Se o movimento progressivo é incontestável, não existe razão para duvidar do progresso futuro. O homem quer ser feliz e esse desejo é muito natural. Assim, ele apenas busca o progresso para aumentar a sua felicidade , caso contrário, o progresso não teria nenhum sentido para ele. De que lhe adiantaria progredir se isso não melhorasse a sua posição?

Mas, quando o homem possuir todos os prazeres que o progresso intelectual pode lhe proporcionar, perceberá que a sua felicidade ainda não está completa; reconhecerá que essa felicidade é impossível sem a segurança das relações sociais, e essa segurança ele apenas encontrará no progresso moral. Então, pela força das circunstâncias, o próprio homem conduzirá o progresso na direção do aperfeiçoamento moral, e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa ajuda para atingir esse objetivo.

sábado, 2 de outubro de 2021

5 CONCLUSÃO: O Espiritismo E Aqueles que O Difamam

Os que dizem que as crenças espíritas ameaçam invadir o mundo reconhecem, por isso mesmo, a sua força, porque uma ideia sem fundamento e destituída de lógico jamais poderia tornar-se universal. Portanto, se os seguidores do Espiritismo aumentam por toda a parte, principalmente, junto às classes mais esclarecidas, como é possível constatar, é porque ele possui um fundo de verdade.

Contra essa tendência serão inúteis todos os esforços daqueles que difamam e o próprio termo ridículo, usado para defini-lo, longe de lhe deter a trajetória, parece dar-lhe ainda mais força. Esse resultado justifica plenamente o que os Espíritos já nos disseram inúmeras vezes: A oposição não deve inquietá-lo e tudo o que fizerem contra virá em seu benefício; mesmo sem querer, os maiores adversários servirão à causa. A má vontade dos homens não poderá prevalecer contra a vontade de Deus.

Com o Espiritismo, a Humanidade deve entrar numa nova fase: a do progresso moral, que é a consequência inevitável dos ensinamentos que ele contém. Portanto, deixem de se admirar da rapidez com que elas proporcionam a todos aqueles que se aprofundam em seu estudo e que veem nelas algo mais que um simples passatempo. ora, se o homem quer a sua felicidade acima de tudo, não é de se admirar que ele se interesse por uma ideia que o faça feliz.


O desenvolvimento dessas ideias apresenta três fases distintas:


Primeira: é a fase da curiosidade, provocada pela estranheza que os fenômenos produzem.

Segunda: é a fase do raciocínio e da filosofia.

Terceira: é a fase da aplicação e das consequências.


A fase da curiosidade já passou, pois ela dura pouco tempo e, uma vez satisfeita, muda o seu foco. O mesmo não acontece com aquele que se dedica ao pensamento sério e ao raciocínio. A segunda fase, que é a do raciocínio e da filosofia, já começou, e a terceira seguirá a segunda inevitavelmente.

O Espiritismo progrediu principalmente depois que foi melhor compreendido na sua essência e depois que lhe perceberam o alcance, porque ele toca no ponto mais sensível do homem: a sua felicidade, mesmo neste mundo. Aí reside a causa da sua propagação, o segredo da força que o fará triunfar. Enquanto aguarda que a sua influência se estenda sobre as coletividades humanas, ele já torna felizes aqueles que o compreendem.

Mesmo aqueles que não presenciaram nenhum fenômeno material de manifestação dizem: além dos fenômenos, existe uma filosofia; essa filosofia me explica o que NENHUMA outra havia me explicado até então; nela encontro, tão somente pelo raciocínio, uma demonstração racional dos problemas que interessam muitíssimo ao meu futuro; o Espiritismo me proporciona calma, segurança, confiança e me livra do tormento da incerteza. Ao lado de tudo isso, a questão dos fatos materiais torna-se secundária.

Todos vocês que atacam o Espiritismo, querem um meio mais eficaz de combatê-lo com sucesso? Pois aqui está. Substituam-no por alguma coisa melhor; indiquem uma solução MAIS FILOSÓFICA para todas as questões que ele resolve; deem ao homem OUTRA CERTEZA que o faça mais feliz, mas compreendam bem o alcance da palavra CERTEZA, porque o homem só aceita como certo aquilo que lhe parece lógico.

Não devem se contentar em dizer: isso não existe, isso não é bem assim, pois é muito fácil negar. Provem, não através de uma negação, mas com fatos, que o Espiritismo não é real, que nunca o foi e que NÃO PODE ser. Se ele não for real, digam o que pode ser em seu lugar. Provem, finalmente, que o Espiritismo não tem por missão tornar os homens melhores e mais felizes pela prática da mais pura moral evangélica, moral que muitos louvam, mas que poucos praticam. Após fazerem isso terão o direito de atacá-lo.

O Espiritismo é forte porque se apoia sobre as próprias bases da religião, que são: Deus, a alma, os sofrimentos e as recompensas futuras. Ele é convincente, principalmente porque mostra esses sofrimentos e essas recompensas futuras como consequências naturais da vida terrestre e também porque, no quadro que apresenta do futuro, não existe nada que possa ser recusado, até mesmo pela razão mais exigente.

Vocês que possuem como doutrina a negação do futuro, que compensação oferecem aos sofrimentos da Terra? Enquanto a doutrina da negação se apoia na incredulidade, o Espiritismo convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade, a doutrina da negação oferece o NADA como perspectiva futura e o EGOÍSMO como consolação. O Espiritismo explica tudo e prova através de fatos. A doutrina da negação não prova, nem explica nada. COmo querem que os homens tenham dúvidas entre as duas doutrinas?


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

6 CONCLUSÃO: A Universalidade do Espiritismo

Seria formar uma ideia falsa do Espiritismo acreditar que sua força esteja na prática das manifestações materiais e que, impedindo essas manifestações, pode-se desestruturá-lo em suas bases. Sua força está na sua filosofia e no apelo que faz à razão e ao bom senso.

Na Antiguidade, o conhecimento das coisas espirituais era objeto de estudos misteriosos, cuidadosamente escondidos do povo. Hoje, o Espiritismo não constitui segredo para ninguém; ele se utiliza de uma linguagem clara, sem ambiguidades. No Espiritismo, não existe nada de místico, nada de alegorias que possam gerar falsas interpretações. Ele quer ser compreendido por todos, porque chegou o tempo dos homem=ns conhecerem a verdade. 

Longe de se opor à divulgação do conhecimento, ele o revela para todos. Não exige uma crença cega, mas quer que o homem saiba porque acredita. Apoiando-se na razão, o Espiritismo será sempre mais forte do que as doutrinas que se apoiam no nada.

Os obstáculo que tentassem atrapalhar a liberdade das manifestações poderiam impedi-las de ocorrer? Não, porque produziriam o mesmo efeito de todas as perseguições, ou seja, o de estimular a curiosidade e o desejo de conhecer aquilo que foi proibido.

Por outro lado, se as manifestações espíritas fossem privilégio de um único homem, ninguém duvida que, pondo esse homem de lado, as manifestações acabariam. Infelizmente, para os adversários do Espiritismo, as manifestações estão ao alcance de todos, desde o homem mais simples até o mais sábio, desde o palácio até o mais humilde casebre, qualquer um pode a elas recorrer.

Pode-se proibir que as manifestações sejam feitas em público, mas sabe-se perfeitamente que não é em público que elas se produzem melhor, e sim reservadamente,. Ora, como qualquer pessoa pode ser médium, quem pode impedir que, numa família, no seu lar, um indivíduo, no silêncio do seu gabinete, o prisioneiro em sua cela, entrem em comunicação com os Espíritos, apesar da proibição dos seus opositores na presença deles?

Se as comunicações fossem proibidas em um país, poderiam ser proibidas nos países vizinhos, no mundo inteiro, uma vez que em todos os continentes existem médiuns? Para prender todos os médiuns, seria preciso prender a metade da população humana. Mesmo que conseguissem queimar todos os livros espíritas, o que não seria fácil, no dia seguinte, eles já estariam reproduzidos, porque o autor dos livros são os próprios Espíritos, e estes não podem ser queimados, nem colocados na prisão.

O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém pode dizer que é o seu criador, pois ele é tão antigo quanto a Criação. Ele é encontrado por toda a parte, em todas as religiões e, principalmente, na religião católica, porque no catolicismo se encontram os mesmos princípios que existem no Espiritismo: os Espíritos de todos os graus de evolução, suas relações ocultas e ostensivas com os homens, os anjos da guarda, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, as visões, as manifestações de todos os gêneros, as aparições e até mesmo as aparições tangíveis, ou seja, as materializações.

Com relação aos demônios, eles não passam de Espíritos maus. Não existe diferença entre eles e os demais Espíritos, porque os demônios não foram criados para fazer eternamente o mal, conforme erroneamente se acredita; o caminho do progresso não está proibido para eles. Sendo assim, a diferença entre os demônios e os outros Espíritos está apenas no nome.

O que faz a moderna Ciência Espírita? Reúne num ensinamento único o que estava disperso. Explica com termos apropriados o que só se conhecia em linguagem figurada; suprime tudo aquilo que a superstição e a ignorância haviam criado, para deixar somente o que é real e positivo; eis o papel da Ciência Espírita; mas não lhe cabe o papel de fundadora.

Ela revela o que existe, coordena, mas não cria nada, porque as suas bases estão em todos os tempos e em todos os lugares. Portanto, quem ousaria se acreditar forte o suficiente para abafá-la com deboches e até mesmo com perseguições? Se a proíbem num lugar, renasce em outros, no próprio terreno de onde a expulsaram, porque a Doutrina Espírita está na Natureza e não é permitido ao homem destruir uma força da Natureza, nem ir contra os decretos de Deus.

Aliás, que interesse haveria em se impedir a propagação das ideias espíritas? Essas ideias, é bem verdade, se opõem aos abusos que nascem do orgulho e do egoísmo. Porém, esses abusos, de que alguns se aproveitam, prejudicam a coletividade humana. Portanto, o Espiritismo terá as coletividades a seu favor e por adversários sérios apenas aqueles que têm interesse na manutenção desses abusos.

As ideias espíritas, pela influência que exercem, são uma garantia da ordem e da tranquilidade, pois tornam os homens melhores uns para com os outros; fazem com que eles se interessem menos pelas coisas materiais e sejam mais resignados aos decretos de Deus.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

7 CONCLUSÃO: Os Espíritas e os Adversários do Espiritismo

O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes, a saber: 


1. As manifestações;

2. Os princípios de filosofia e de moral que decorrem das manifestações;

3. A aplicação desses princípios.


Daí surgem as três categorias de adeptos ao Espiritismo:


Aqueles que acreditam nas manifestações e se limitam a constatá-las. Para eles, o Espiritismo é uma Ciência experimental.

Aqueles que compreendem as suas consequências morais.

Aqueles que praticam ou se esforçam para praticar essa moral.


Seja qual for o ponto de vista, científico ou moral, sob o qual se considerem esses fenômenos estranhos, todos compreendem que eles constituem uma nova ordem de ideias que surge, cujas consequências resultarão numa profunda modificação na maneira de viver da Humanidade. Essa modificação pode ocorrer somente para o bem, o que também é fácil de compreender.


Quanto aos adversários, também podemos classificá-los em três categorias:


Aqueles que negam, sistematicamente, tudo o que é novo e tudo o que não procede de suas próprias mentes; falam sobre o assunto sem conhecimento de causa. A essa classe também pertencem todos aqueles que não aceitam nada que possa ser comprovado pelos sentidos. Nada viram, nada querem ver e menos ainda se aprofundar. Ficariam até mesmo aborrecidos se vissem coisas muito claramente, com medo de serem forçados a admitir que não possuem razão. Para eles, o Espiritismo é uma fantasia, uma loucura, uma utopia, ou melhor, simplesmente não existe, e isso resume tudo.

Estes são os incrédulos de ideias fixas. Ao lado deles, estão também aqueles que se dignaram a dar aos fatos a mínima atenção, nem que fosse por descargo de consciência, para que pudessem dizer: quis ver e nada vi. Eles não compreendem que seja necessário muito mais do que meia hora para alguém se dar conta de toda uma Ciência.

Aqueles que, mesmo conhecendo a realidade dos fatos, os combatem por motivos de interesse pessoal. Para eles, o Espiritismo existe, mas temem as suas consequências e atacam-no como a um inimigo.

Aqueles que encontram na Moral Espírita uma censura muito severa, seja para seus atos, seja para suas tendências. O Espiritismo levado a sério os incomodaria; eles não o rejeitam, nem o aprovam, simplesmente preferem fechar os olhos.

Os primeiros são movidos pelo orgulho e pela presunção; os segundos, pela ambição e os terceiros, pelo egoísmo. Essas causas de oposição, por não terem solidez, tendem a desaparecer com o tempo.

Seria perder tempo procurar uma quarta classe de antagonistas, porque esta teria que apresentar provas contrárias e consistentes para derrubar o Espiritismo. Essas provas teriam que vir de um estudo consciencioso e laborioso da questão. Como todos os adversários, apenas lhe opõem a negação, nenhum deles apresenta uma prova séria e irrefutável em contrário.

Seria exigir demais da natureza humana acreditar que ela pudesse se transformar subitamente, apenas por causa das "ideias espíritas". A ação que essas ideias exercem não é certamente a mesma, nem do mesmo grau, em todos aqueles que a seguem.

Por menor que seja o resultado que a ação da ideia espírita provoque, ela sempre causará uma melhora, mesmo que seja apenas para provar a existência de um Mundo Espiritual, ou melhor, a existência de um mundo fora do corpo físico, o que por si só implica na negação das Doutrinas Materialista. Essa negação decorre da simples observação dos fatos. Entretanto, para aqueles que compreendem a filosofia do Espiritismo e nele veem outra coisa além de fenômenos mais ou menos curiosos, os efeitos são outros.

O PRIMEIRO EFEITO, e o mais geral, para aqueles que entra em contato com a Doutrina Espírita, consiste em desenvolver o sentimento religioso naquele que, mesmo não sendo materialista, é indiferente às questões espirituais. A consequência, para ele, é a serenidade perante a morte.

Isso não implica em dizer que o Espírita tenha o desejo de morrer, longe disso, ele defenderá a sua vida como outro qualquer. O Espírita apenas tem a tendência de aceitar a morte com mais tranquilidade, como uma coisa mais feliz do que temível, porque ele tem a certeza de que a sua vida continua.

O SEGUNDO EFEITO, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação perante as dificuldades da vida. O Espiritismo faz com que o homem veja as coisas de um ponto tão mais elevado, que os problemas da vida terrena perdem muito de sua importância e deixam de afligi-lo tanto. Assim, ele possui mais coragem nas aflições da sua existência, porque a Ciência Espírita ensina que, pelo suicídio, sempre se perde aquilo que se queria ganhar.

A certeza de um futuro cuja felicidade depende apenas de nós mesmo, a possibilidade de estabelecer relações com os seres que nos são queridos, oferece ao Espírita uma consolação muito grande. Seu horizonte se amplia até o infinito pela visão contínua que ele tem da vida depois da morte do corpo físico, cujos mistérios profundos lhe é possível sondar.

O TERCEIRO EFEITO é o de estimular no homem o perdão e a tolerância para com os defeitos alheios. Mas é preciso ficar claro que o egoísmo e tudo aquilo que envolve são o que existe de maus persistente no homem e, por consequência, o mais difícil de eliminar.

Muitos fazem sacrifícios voluntários, desde que não lhes custe nada e que não precisem se privar de coisa alguma. O dinheiro ainda exerce sobre a maioria dos homens uma atração irresistível e bem poucos dispensam o supérfluo para uso próprio. Assim, o esquecimento de si mesmo é o sinal de um progresso considerável.



quarta-feira, 29 de setembro de 2021

8 CONCLUSÃO: A Utilidade do Ensinamento Moral do Espiritismo

Algumas pessoas perguntam se os Espíritos nos ensinam uma nova moral, alguma coisa superior ao que o Cristo nos ensinou? Se a moral dos Espíritos é a mesma doo Evangelho, para que serve o Espiritismo? Esse raciocínio se parece muito com aquele do Califa Omar, referindo-se à Biblioteca de Alexandria: "Se ela não contém mais do que aquilo que está no Alcorão, ela é inútil e, portanto, deve ser queimada; se ela contém coisa diversa, é nociva, logo, também deve ser queimada.".

Não, o Espiritismo não contém uma moral diferente daquela que Jesus veio nos ensinar. Mas, perguntamos, por nossa vez: Antes do Cristo, os homens não tinham a Lei de Deus trazida por Moisés? A doutrina do Cristo não se acha contida nos dez mandamentos? Por isso, se dirá que a moral de Jesus era inútil?

Perguntaremos, ainda, para aqueles que negam a utilidade da Moral Espírita: Por que a moral do Cristo é tão pouco praticada? Por que, justamente aqueles que proclamam a sua sublimidade são os primeiros a violar a primeira das Leis: a caridade universal? Os Espíritos vêm hoje, não apenas confirmar a moral cristã, mas também mostrar a sua utilidade prática.

Eles tornam inteligíveis e claras as verdades que tinham sido ensinadas apenas de forma alegórica. E, ao lado da moral, vem nos trazer a definição dos problemas mais abstratos da psicologia.

Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que Deus, que enviou Jesus para fazer com que a Humanidade se lembrasse da Sua Lei que estava esquecida, não enviaria, hoje, os Espíritos para lembrá-la novamente e com maior precisão, justo agora que os homens a esquecem para dedicar tudo ao orgulho e à ambição? Quem ousaria impor limites ao poder de Deus e lhe determinar caminhos?

Quem nos diz que os tempos preditos não são chegados, como afirmam os Espíritos, e que não alcançamos os tempos em que as verdades mal compreendidas ou erroneamente interpretadas sevam ser abertamente reveladas à Humanidade para que esta apresse o seu adiantamento? Será que não existe algo de providencial nessas manifestações que se produzem simultaneamente por todas as partes da Terra?

Não é apenas um homem, um profeta que nos vem advertir. O conhecimento chega de todas as partes. É todo um mundo novo que se abre aos nossos olhos. Assim como a invenção do microscópio nos rvelou o mundo dos infinitamente pequenos, de que nós seque suspeitávamos; assim como o telescópio nos revelou milhares de mundos cuja existência nós também não suspeitávamos antes, as comunicações espíritas revelam a existência de um mundo invisível que nos rodeia e cujos habitantes participam incessantemente, sem o nosso consentimento, de tudo o que fazemos.

Mais algum tempo ainda e a existência desse mundo invisível, que espera o homem após o seu desencarne, será tão real quanto o mundo microscópico e os mundos que giram no espaço. Será, então, que de nada valerá os Espíritos terem nos revelado a existência de um mundo invisível e nos terem iniciado nos mistérios da vida além da morte?

É verdade que essas descobertas, se assim podemos chamar, contrariam, de algum modo, certas ideias pré-estabelecidas. Mas não é igualmente verdade que todas as grandes descobertas da Ciência também modificaram e até mesmo derrubaram as ideias que até então predominavam? E o nosso amor-próprio não teve que se curvar diante da evidência? O mesmo acontecerá com o Espiritismo, que dentro de pouco tempo fará parte dos conhecimentos humanos.

As comunicações com os Espíritos que já desencarnaram tiveram por resultado fazer com que o homem compreendesse a vida futura como sendo uma realidade; fizeram com que ele se preparasse para sofrimentos e prazeres que o esperam segundo os seus méritos. A comunicação com os Espíritos também encaminhou para o espiritualismo aqueles que viam no homem apenas uma matéria, uma máquina organizada.

Assim, estávamos com a razão quando afirmamos que o Espiritismo derrotou o Materialismo por meio de fatos. Se ele tivesse produzido apenas esse resultado, a sociedade já lhe deveria muita gratidão. Entretanto, o Espiritismo faz mais: mostra os inevitáveis efeitos do mal e, consequentemente, a necessidade do bem. O número de pessoas que ele conduziu a sentimentos melhores, neutralizando as más tendências e desviando-as do mal, é muito maior do que se pensa e cresce todos os dias.

Para essas pessoas, o futuro deixou de ser uma coisa vaga. Já não é mais uma simples esperança, mas uma realidade que se compreende e se explica, quando vemos e ouvimos, através das comunicações espíritas, aqueles que já desencarnaram lamentarem-se ou mostrar a sua felicidade pelo que fizeram na Terra. Todo aquele que tem a oportunidade de testemunhar as comunicações espíritas é levado a refletir e sente necessidade de se conhecer, de se julgar e de se modificar.


sábado, 25 de setembro de 2021

9 CONCLUSÃO: A Opinião Dos Espíritos Sobre A Doutrina Espírita

Os adversários do Espiritismo não perderam a oportunidade de se aproveitar de algumas divergências de opinião sobre certos pontos da Doutrina. Não é de admirar que, no começo de uma Ciência, quando as observações ainda são incompletas e cada um as examina do seu ponto de vista, apareçam opiniões contraditórias.

Contudo, quase todas as opiniões contrárias já caíram diante de um estudo mais aprofundado, a começar por aquela que atribuía todas as comunicações ao Espírito do Mal, como se fosse impossível a Deus enviar aos homens os bons Espíritos. Alguns dizem: Doutrina absurda, porque é desmentida pelos fatos; Doutrina incrédula, porque é a negação do poder e da bondade do Criador.

Os Espíritos sempre nos disseram para que não nos inquietássemos com essas divergências, pois a unidade da Doutrina acabaria por acontecer. Ora, a união já aconteceu sobre a maioria das questões e a cada dia as divergências tendem a desaparecer. Perguntamos aos Espíritos: "Enquanto se aguarda essa unidade, em que o homem imparcial e desinteressado, pode basear-se para formular um juízo?" Eis a resposta que os Espíritos nos deram: A luz verdadeiramente pura jamais pode ser obscurecida por nuvem alguma. O diamante sem mancha é aquele que possui o maior valor. Julguem os Espíritos pela pureza de seus ensinamentos. Não esqueçam que entre os Espíritos existem aqueles que ainda não se libertaram totalmente das ideias da vida terrena.

É preciso saber distingui-los pela linguagem que utilizam e julgá-los pelo conjunto do que dizem; vejam se existe encadeamento lógico em suas ideias; se elas não revelam algum tipo de ignorância, orgulho ou malevolência; resumindo, se suas palavras trazem sempre o cunho da sabedoria que revela a verdadeira superioridade.

Se a Terra fosse inacessível ao erro, seria perfeita, mas ela ainda está muito longe disso. Os homens ainda estão aprendendo a distinguir o erro da verdade. Falta a eles a experiência para julgarem melhor e poder se adiantar. A unidade acontecerá do lado em que o bem jamais esteve misturado com o mal; é desse lado que os homens se unirão pela própria força das circunstâncias, porque reconhecerão que aí está a verdade.

Aliás, que importam algumas divergências, que são mais superficiais do que verdadeiras! Notem que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e haverão de unir os homens num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Seja qual for o modo de progresso , ou as condições normais da vida futura, o objetivo final é apenas um: fazer o bem! E, como todos sabem, não existe duas maneiras de fazê-lo.

Se, entre os adeptos do Espiritismo, existem aqueles que divergem de opinião sobre alguns pontos fundamentais. Portanto, existe unidade, com exceção daqueles que, em número muito reduzido, ainda não aceitam a intervenção dos Espíritos nas manifestações, atribuindo-as a causas puramente físicas; contrariando o ensinamento de que: "para todo efeito inteligente deve haver uma causa inteligente".

Existem, também, aqueles que atribuem as manifestações, não aos Espíritos, mas a um reflexo do nosso próprio pensamento, o que é desmentido pelos fatos. Os demais pontos são apenas secundários e não comprometem em nada as bases fundamentais. É saudável que existam escolas que procuram se esclarecer sobre os pontos ainda controvertidos da Ciência, mas não deve haver rivalidade entre elas. Só deveria haver contradição entre aqueles que querem o bem e aqueles que desejam o mal.

Não existe um espírita sincero que, concordando com os grandes ensinamentos morais trazidos pelos Espíritos, possa querer o mal ou desejar o mal ao seu próximo, apenas porque ele possui opinião diferente da sua. Se uma dessas escolas estiver errada, mas procurar de boa fé e sem prevenção, cedo ou tarde, o esclarecimento virá em seu auxílio.

Enquanto esperam esse esclarecimento, todas as escolas possuem um laço comum que deve uni-las num mesmo pensamento; todas possuem um mesmo objetivo, pouco importa o caminho que sigam, desde que o atinjam. Nenhuma escola deve se impor pelo constrangimento material ou moral e apenas estaria no caminho errado aquela que condenasse ou reprovasse a outra, porque, evidentemente, estaria agindo sobre a influência de Espíritos inferiores.

Sempre a razão deve ser o melhor argumento e a moderação garantirá melhor a vitória da verdade do que as críticas envenenadas pela inveja e pelo ciúme. Os bons Espíritos ensinam apenas a união e o amor ao próximo. Jamais um pensamento mau ou contrário à caridade pode sair de uma fonte pura. Para terminar, vamos acompanhar sobre esse assunto os conselhos do Espírito Santo Agostinho:

Por muito tempo, os homens têm se retalhado e se amaldiçoado mutuamente em nome de um Deus de paz e de misericórdia, ofendendo-O com semelhante postura. O Espiritismo é o laço que os unirá um dia, porque lhes mostrará onde está a verdade e onde está o erro.

Mas por muito tempo ainda haverá escribas e fariseus que negarão o Espiritismo, como negaram o Cristo. Querem saber sob a influência de que Espíritos estão às diversas seitas que entre si dividiram o mundo? Julguem-nas por suas obras e por seus princípios. Jamais os bons Espíritos estimularam o mal; jamais aconselharam ou legitimaram o assassinato e a violência; nunca estimularam o ódio dos partidos nem a sede de riquezas e honrarias, nem a cobiça dos bens terrenos.

Apenas aqueles que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, são os preferidos dos Bons Espíritos, assim como são os preferidos de Jesus, poque seguem o caminho indicado pelo Mestre para chegar até Ele. 

Santo Agostinho


Observação

Escribas e Fariseus: Classes sociais que pertenciam à sociedade judaica no tempo de Jesus. No texto, refere-se à gente falsa, fingida, traiçoeira (O Evangelho Segundo O Espiritismo: Introdução - Notas Históricas).

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