terça-feira, 5 de outubro de 2021

2 CONCLUSÃO: O Materialismo

O Espiritismo é o antagonista mais terrível do materialismo! Sendo assim, não é de admirar que tenha por adversários os próprios materialistas. Mas como o materialismo é uma doutrina que poucos se atrevem a dizer que seguem abertamente; seus adeptos não se consideram bastantes seguros de suas convicções e são dominados por essa insegurança; assim, eles usam o manto da razão e da Ciência para se acobertarem. 

O estranho é que os mais descrentes falam até mesmo em nome da religião, que não conhecem e não compreendem melhor do que o Espiritismo. Seu alvo principal contra a Doutrina é o "maravilhoso" e o "sobrenatural", que não admitem. Na opinião deles, o Espiritismo se baseia no maravilhoso e, por isso, não passa de uma suposição ridícula. Não refletem que, ao condenar, sem restrição, o maravilhoso e o sobrenatural, condenam também a religião.

Com efeito, a religião está baseada na "revelação" e nos "milagres". Ora, o que é a revelação, senão comunicação extra-humanas? Todos os autores sagrados, desde Moisés, têm falado dessa espécie de comunicações. O que são os milagres, senão fatos maravilhosos e sobrenaturais por excelência; será que eles não constituem, no sentido litúrgico, uma anulação das Leis da Natureza? Portanto, ao rejeitar o maravilhoso e o sobrenatural, os materialistas rejeitam também as próprias bases da religião. Mas não é sob esse ponto de vista que devemos encarar a questão.

Não cabe ao Espiritismo examinar se existem ou não milagres, ou melhor, se em certos casos, Deus acreditou por bem anular as Leis eternas que regem o Universo. Em relação aos milagres, o Espiritismo deixa que cada um acredite no que quiser, ou seja, permite inteira liberdade de crença. A Nova Doutrina diz e prova que os fenômenos sobre os quais se apoia só têm de sobrenatural a aparência. 

Esses fenômenos só não parecem naturais aos olhos de algumas pessoas, porque são fenômenos excepcionais e estão fora dos fatos conhecidos. Entretanto, não são mais sobrenaturais do que todos os fenômenos, dos quais a Ciência nos dá hoje a explicação e que pareciam maravilhosos antes, em outra época.

Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, resultam de Leis Gerais. Eles nos revelam uma das forças da Natureza, força desconhecida, ou melhor, incompreendida até agora, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas.

Desse modo, o Espiritismo se baseia menos no maravilhoso e no sobrenatural do que a prórpria Religião. Aqueles que o atacam sob esse aspecto é porque não o conhecem e, ainda que fossem os homens mais sábios, nós lhes diríamos: se a Ciência que ensinou aos homens tantas coisas não ensinou que o domínio da Natureza é infinito, seu ensinamento ficou pela metade! e aqueles que a seguem também são sábios pela metade.


Observação

Litúrgico/liturgia: Ciência que trata das cerimônias e ritos das Igrejas; culto público e oficial instituído por uma Igreja.

Forças da Natureza: Aqui, Kardec está se referindo aos Espíritos, que são uma das forças da Natureza.

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