sábado, 25 de setembro de 2021

9 CONCLUSÃO: A Opinião Dos Espíritos Sobre A Doutrina Espírita

Os adversários do Espiritismo não perderam a oportunidade de se aproveitar de algumas divergências de opinião sobre certos pontos da Doutrina. Não é de admirar que, no começo de uma Ciência, quando as observações ainda são incompletas e cada um as examina do seu ponto de vista, apareçam opiniões contraditórias.

Contudo, quase todas as opiniões contrárias já caíram diante de um estudo mais aprofundado, a começar por aquela que atribuía todas as comunicações ao Espírito do Mal, como se fosse impossível a Deus enviar aos homens os bons Espíritos. Alguns dizem: Doutrina absurda, porque é desmentida pelos fatos; Doutrina incrédula, porque é a negação do poder e da bondade do Criador.

Os Espíritos sempre nos disseram para que não nos inquietássemos com essas divergências, pois a unidade da Doutrina acabaria por acontecer. Ora, a união já aconteceu sobre a maioria das questões e a cada dia as divergências tendem a desaparecer. Perguntamos aos Espíritos: "Enquanto se aguarda essa unidade, em que o homem imparcial e desinteressado, pode basear-se para formular um juízo?" Eis a resposta que os Espíritos nos deram: A luz verdadeiramente pura jamais pode ser obscurecida por nuvem alguma. O diamante sem mancha é aquele que possui o maior valor. Julguem os Espíritos pela pureza de seus ensinamentos. Não esqueçam que entre os Espíritos existem aqueles que ainda não se libertaram totalmente das ideias da vida terrena.

É preciso saber distingui-los pela linguagem que utilizam e julgá-los pelo conjunto do que dizem; vejam se existe encadeamento lógico em suas ideias; se elas não revelam algum tipo de ignorância, orgulho ou malevolência; resumindo, se suas palavras trazem sempre o cunho da sabedoria que revela a verdadeira superioridade.

Se a Terra fosse inacessível ao erro, seria perfeita, mas ela ainda está muito longe disso. Os homens ainda estão aprendendo a distinguir o erro da verdade. Falta a eles a experiência para julgarem melhor e poder se adiantar. A unidade acontecerá do lado em que o bem jamais esteve misturado com o mal; é desse lado que os homens se unirão pela própria força das circunstâncias, porque reconhecerão que aí está a verdade.

Aliás, que importam algumas divergências, que são mais superficiais do que verdadeiras! Notem que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e haverão de unir os homens num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Seja qual for o modo de progresso , ou as condições normais da vida futura, o objetivo final é apenas um: fazer o bem! E, como todos sabem, não existe duas maneiras de fazê-lo.

Se, entre os adeptos do Espiritismo, existem aqueles que divergem de opinião sobre alguns pontos fundamentais. Portanto, existe unidade, com exceção daqueles que, em número muito reduzido, ainda não aceitam a intervenção dos Espíritos nas manifestações, atribuindo-as a causas puramente físicas; contrariando o ensinamento de que: "para todo efeito inteligente deve haver uma causa inteligente".

Existem, também, aqueles que atribuem as manifestações, não aos Espíritos, mas a um reflexo do nosso próprio pensamento, o que é desmentido pelos fatos. Os demais pontos são apenas secundários e não comprometem em nada as bases fundamentais. É saudável que existam escolas que procuram se esclarecer sobre os pontos ainda controvertidos da Ciência, mas não deve haver rivalidade entre elas. Só deveria haver contradição entre aqueles que querem o bem e aqueles que desejam o mal.

Não existe um espírita sincero que, concordando com os grandes ensinamentos morais trazidos pelos Espíritos, possa querer o mal ou desejar o mal ao seu próximo, apenas porque ele possui opinião diferente da sua. Se uma dessas escolas estiver errada, mas procurar de boa fé e sem prevenção, cedo ou tarde, o esclarecimento virá em seu auxílio.

Enquanto esperam esse esclarecimento, todas as escolas possuem um laço comum que deve uni-las num mesmo pensamento; todas possuem um mesmo objetivo, pouco importa o caminho que sigam, desde que o atinjam. Nenhuma escola deve se impor pelo constrangimento material ou moral e apenas estaria no caminho errado aquela que condenasse ou reprovasse a outra, porque, evidentemente, estaria agindo sobre a influência de Espíritos inferiores.

Sempre a razão deve ser o melhor argumento e a moderação garantirá melhor a vitória da verdade do que as críticas envenenadas pela inveja e pelo ciúme. Os bons Espíritos ensinam apenas a união e o amor ao próximo. Jamais um pensamento mau ou contrário à caridade pode sair de uma fonte pura. Para terminar, vamos acompanhar sobre esse assunto os conselhos do Espírito Santo Agostinho:

Por muito tempo, os homens têm se retalhado e se amaldiçoado mutuamente em nome de um Deus de paz e de misericórdia, ofendendo-O com semelhante postura. O Espiritismo é o laço que os unirá um dia, porque lhes mostrará onde está a verdade e onde está o erro.

Mas por muito tempo ainda haverá escribas e fariseus que negarão o Espiritismo, como negaram o Cristo. Querem saber sob a influência de que Espíritos estão às diversas seitas que entre si dividiram o mundo? Julguem-nas por suas obras e por seus princípios. Jamais os bons Espíritos estimularam o mal; jamais aconselharam ou legitimaram o assassinato e a violência; nunca estimularam o ódio dos partidos nem a sede de riquezas e honrarias, nem a cobiça dos bens terrenos.

Apenas aqueles que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, são os preferidos dos Bons Espíritos, assim como são os preferidos de Jesus, poque seguem o caminho indicado pelo Mestre para chegar até Ele. 

Santo Agostinho


Observação

Escribas e Fariseus: Classes sociais que pertenciam à sociedade judaica no tempo de Jesus. No texto, refere-se à gente falsa, fingida, traiçoeira (O Evangelho Segundo O Espiritismo: Introdução - Notas Históricas).

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