quinta-feira, 30 de setembro de 2021

7 CONCLUSÃO: Os Espíritas e os Adversários do Espiritismo

O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes, a saber: 


1. As manifestações;

2. Os princípios de filosofia e de moral que decorrem das manifestações;

3. A aplicação desses princípios.


Daí surgem as três categorias de adeptos ao Espiritismo:


Aqueles que acreditam nas manifestações e se limitam a constatá-las. Para eles, o Espiritismo é uma Ciência experimental.

Aqueles que compreendem as suas consequências morais.

Aqueles que praticam ou se esforçam para praticar essa moral.


Seja qual for o ponto de vista, científico ou moral, sob o qual se considerem esses fenômenos estranhos, todos compreendem que eles constituem uma nova ordem de ideias que surge, cujas consequências resultarão numa profunda modificação na maneira de viver da Humanidade. Essa modificação pode ocorrer somente para o bem, o que também é fácil de compreender.


Quanto aos adversários, também podemos classificá-los em três categorias:


Aqueles que negam, sistematicamente, tudo o que é novo e tudo o que não procede de suas próprias mentes; falam sobre o assunto sem conhecimento de causa. A essa classe também pertencem todos aqueles que não aceitam nada que possa ser comprovado pelos sentidos. Nada viram, nada querem ver e menos ainda se aprofundar. Ficariam até mesmo aborrecidos se vissem coisas muito claramente, com medo de serem forçados a admitir que não possuem razão. Para eles, o Espiritismo é uma fantasia, uma loucura, uma utopia, ou melhor, simplesmente não existe, e isso resume tudo.

Estes são os incrédulos de ideias fixas. Ao lado deles, estão também aqueles que se dignaram a dar aos fatos a mínima atenção, nem que fosse por descargo de consciência, para que pudessem dizer: quis ver e nada vi. Eles não compreendem que seja necessário muito mais do que meia hora para alguém se dar conta de toda uma Ciência.

Aqueles que, mesmo conhecendo a realidade dos fatos, os combatem por motivos de interesse pessoal. Para eles, o Espiritismo existe, mas temem as suas consequências e atacam-no como a um inimigo.

Aqueles que encontram na Moral Espírita uma censura muito severa, seja para seus atos, seja para suas tendências. O Espiritismo levado a sério os incomodaria; eles não o rejeitam, nem o aprovam, simplesmente preferem fechar os olhos.

Os primeiros são movidos pelo orgulho e pela presunção; os segundos, pela ambição e os terceiros, pelo egoísmo. Essas causas de oposição, por não terem solidez, tendem a desaparecer com o tempo.

Seria perder tempo procurar uma quarta classe de antagonistas, porque esta teria que apresentar provas contrárias e consistentes para derrubar o Espiritismo. Essas provas teriam que vir de um estudo consciencioso e laborioso da questão. Como todos os adversários, apenas lhe opõem a negação, nenhum deles apresenta uma prova séria e irrefutável em contrário.

Seria exigir demais da natureza humana acreditar que ela pudesse se transformar subitamente, apenas por causa das "ideias espíritas". A ação que essas ideias exercem não é certamente a mesma, nem do mesmo grau, em todos aqueles que a seguem.

Por menor que seja o resultado que a ação da ideia espírita provoque, ela sempre causará uma melhora, mesmo que seja apenas para provar a existência de um Mundo Espiritual, ou melhor, a existência de um mundo fora do corpo físico, o que por si só implica na negação das Doutrinas Materialista. Essa negação decorre da simples observação dos fatos. Entretanto, para aqueles que compreendem a filosofia do Espiritismo e nele veem outra coisa além de fenômenos mais ou menos curiosos, os efeitos são outros.

O PRIMEIRO EFEITO, e o mais geral, para aqueles que entra em contato com a Doutrina Espírita, consiste em desenvolver o sentimento religioso naquele que, mesmo não sendo materialista, é indiferente às questões espirituais. A consequência, para ele, é a serenidade perante a morte.

Isso não implica em dizer que o Espírita tenha o desejo de morrer, longe disso, ele defenderá a sua vida como outro qualquer. O Espírita apenas tem a tendência de aceitar a morte com mais tranquilidade, como uma coisa mais feliz do que temível, porque ele tem a certeza de que a sua vida continua.

O SEGUNDO EFEITO, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação perante as dificuldades da vida. O Espiritismo faz com que o homem veja as coisas de um ponto tão mais elevado, que os problemas da vida terrena perdem muito de sua importância e deixam de afligi-lo tanto. Assim, ele possui mais coragem nas aflições da sua existência, porque a Ciência Espírita ensina que, pelo suicídio, sempre se perde aquilo que se queria ganhar.

A certeza de um futuro cuja felicidade depende apenas de nós mesmo, a possibilidade de estabelecer relações com os seres que nos são queridos, oferece ao Espírita uma consolação muito grande. Seu horizonte se amplia até o infinito pela visão contínua que ele tem da vida depois da morte do corpo físico, cujos mistérios profundos lhe é possível sondar.

O TERCEIRO EFEITO é o de estimular no homem o perdão e a tolerância para com os defeitos alheios. Mas é preciso ficar claro que o egoísmo e tudo aquilo que envolve são o que existe de maus persistente no homem e, por consequência, o mais difícil de eliminar.

Muitos fazem sacrifícios voluntários, desde que não lhes custe nada e que não precisem se privar de coisa alguma. O dinheiro ainda exerce sobre a maioria dos homens uma atração irresistível e bem poucos dispensam o supérfluo para uso próprio. Assim, o esquecimento de si mesmo é o sinal de um progresso considerável.



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